domingo, 8 de junho de 2014

PMDB

Domingo, 08 de Junho de 2014 - 09:20
Coluna A Tarde: PMDB enfrenta problemas

por Samuel Celestino



Como partido, o PMDB, principal legenda da coalizão que sustenta a presidente Dilma Rousseff, não passa de um bicho de sete cabeças. No momento, há graves discordâncias internas em torno dele. Os candidatos oposicionistas Aécio Neves e Eduardo Campos de tudo fazem para desestabilizá-lo, de sorte a dificultar a permanência da aliança com o PT. Não é uma tarefa fácil, mas, de outro modo, não chega a ser impossível, porque há uma rebelião nas entranhas peemedebistas. Michel Temer perde espaços no partido. É presidente da sigla há muitos anos, mas a sua influência interna está em queda livre. O partido vai discutir a questão no próximo dia 10.

Rachadíssimo, o PMDB encontra problemas em diversos estados, inclusive aqui na Bahia onde Geddel Vieira Lima, seu presidente regional e candidato ao Senado, avança com Paulo Souto, do DEM, e apoia Aécio Neves. Aliás, Geddel influencia muito o PMDB nacional, com fácil movimentação interna na legenda. Dialoga com os principais caciques. Problemas também se verificam no Rio de Janeiro, onde o partido está arrebentado; em Minas Gerais, casa de Aécio; no Ceará, onde Eduardo Campos trabalha ao lado do candidato ao governo, Eunício Oliveira, nome forte da legenda. Curioso é que no Ceará Dilma aposta nos irmão Gomes, Cid e Ciro, ambos adversários de Eunício. Campos costuma dizer que os velhos cacique do PMDB são fisiologistas, adeptos do que chama “velha política”.

No Rio Grande do Sul, Eduardo Campos está fechado com José Ivo Sartori, do PMDB, contra o petista Tarso Genro e, em Pernambuco, terra do candidato, ele fraturou, facilmente, o PMDB e conta com o apoio do ex-governador Jarbas Vasconcelos, assim como no RS tem o apoio de Pedro Simon. São dois nomes emblemáticos da velha guarda peemedebista.

Nessa história toda, o velho partido está como uma cabra-cega tentando quebrar o pote, mas não acerta a tacada. Temer, para tentar minorar a situação, prometeu que apresentará em 2018 um candidato à Presidência da República. Isso não convenceu os que desejam um partido livre e independente das amarras a que está submetido. O partido parece que está a lembrar do antigo PMDB autêntico.
Aliás, na época da ditadura, havia aqui na Bahia um MDB adesista, capitaneado pelo falecido deputado federal Ney Ferreira (que era majoritário e carlista), enquanto o lendário deputado federal e ex-prefeito de Feira de Santana, Chico Pinto, combatente inflexível, integrava e liderava o MDB autêntico. É esse ex-MDB, que se transformou desde o início dos anos 80 em PMDB, que se deseja ressuscitar. O fisiologismo o está destruindo e aluindo a cada eleição o número de integrantes na Câmara e no Senado, enquanto o PT engrossa as suas fileiras.

O racha é visível, mas tudo indica que o partido da coalizão petista pode ser ainda majoritário, embora isso só seja possível saber no dia 10 próximo. Se houver uma reviravolta, dificulta para Dilma que, de qualquer sorte, já perdeu a legenda em estados importantes como a Bahia, Rio de Janeiro (em parte), Minas Gerais pela influência de Aécio; em Pernambuco, pela influência de Campos; além de estar dividido no Ceará e em outros estados da Federação. É fato que a oposição trabalha, incessantemente, uma rebelião dentro do PMDB. Se o partido marchar inteiro com a presidente Dilma, dizem os rebeldes que ele sairá das urnas de outubro arrebentado. Significará que, caso a presidente se reeleja, e por ora ela continua liderando com folga o processo eleitoral, a coalizão como a que hoje a se verifica será muitíssimo difícil de voltar a se materializar.

O trincamento do PMDB não é nenhuma novidade. Embora estivesse latente dentro do partido pelas dificuldades políticas da presidente, surgiu inteiro há três meses com a rebelião que partiu da sua liderança na Câmara dos Deputados infligindo uma série de derrotas ao Palácio do Planalto. Dá-se ainda conta que entre 60% a 65% dos seus deputados estão dispostos a se afastar da coalizão. Não deve ser levado em conta o percentual. Não favorece a uma certeza.

*Coluna de Samuel Celestino publicada no jornal A Tarde deste domingo (8).

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